“As bombas dos Ministérios” – anarquistas solidários com a Espanha Republicana

20 Janeiro 2021

#Nestedia, 20 de janeiro, no ano de 1937, rebentavam as “as bombas dos Ministérios”, ação organizada por anarquistas, em solidariedade com a Espanha Republicana, que fazem deflagrar uma série de bombas em pontos de apoio dos nacionalistas espanhóis em território português.

Este episódio vinha na sequência de outras ações armadas contra o Estado Novo como a greve geral revolucionária de 18 de janeiro de 1934 ou a Revolta dos Marinheiros de setembro de 1936. No contexto da guerra civil espanhola, com Salazar e a ditadura portuguesa a darem todo o apoio a Franco contra o “perigo vermelho”, vários setores oposicionistas, percebendo que a situação política em Espanha seria determinante na sobrevivência ou derrota do salazarismo, visam não apenas o derrube do Estado Novo, mas também minar esta retaguarda do “caudillo”.

É através de contactos do anarquista Emídio Santana que a Confederação Geral do Trabalho (CGT) e o movimento anarcossindicalista, altamente fragilizados pela repressão do 18 de Janeiro, identificam os alvos:  departamentos governamentais e instituições ligadas a interesses espanhóis em Portugal.

Assim, num curto espaço de tempo, rebentam bombas no Ministério da Educação Nacional, na Fábrica de Pólvora de Barcarena e armazéns de Caxias, no Depósito de Material de Guerra de Beirolas, nos Depósitos da Vacuum, na Emissora Nacional, no Rádio Clube Português e na Casa de Espanha. No dia seguinte rebentam novas bombas no Ministério da Guerra, com cinco feridos e prejuízos materiais importantes, sendo outras desativadas no Ministério do Interior.

O sucesso e entusiamo provocado pelas “bombas dos ministérios” levaria a que os anarquistas se lançassem no atentado contra Salazar que teria lugar em julho de 1937 mas sem o sucesso e os efeitos desejados.

Sob a mira repressiva da ditadura e com enormes dificuldades em atuar em clandestinidade, estas duas ações consubstanciavam de algum modo o encerramento de um período de importante atividade anarcossindicalista no movimento operário e no combate à Ditadura Militar e ao Estado Novo.

Imagem: “Ilustração Portuguesa”, 6 de março de 1937. Hemeroteca Municipal de Lisboa

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