O Tempo e o Modo. Revista de Pensamento e Acção
Em janeiro de 1963 nascia “O Tempo e o Modo. Revista de Pensamento e Acção”, uma das mais importantes publicações da segunda metade século XX português e um espaço de debate, de intervenção, de oposição à ditadura e autónomo do Partido Comunista Português. Na sua génese estão os chamados católicos progressistas críticos do salazarismo, ligados à doutrina do Concílio Vaticano II, onde pontificavam António Alçada Baptista, o seu primeiro diretor, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, Alberto Vaz da Silva, Nuno Bragança e Mário Murteira, socialistas laicos, como Mário Soares ou Salgado Zenha, e uma geração vinda das lutas estudantis de 1962 como Jorge Sampaio, Medeiros Ferreira ou Manuel de Lucena.
Nunca se furtando a polémicas, em “O Tempo e o Modo” escreveram algumas das principais figuras da intelectualidade portuguesa do seu tempo, representando várias correntes de pensamento da oposição ao Estado Novo, nem sempre de acordo entre si. Ao longo da década de 60 a revista abre-se a outras sensibilidades políticas, é influenciada pelos ventos do Maio de 1968 francês e, entre 1967 e 1969, empreende uma viragem à esquerda. “O Tempo e o Modo” passará por várias adversidades, nomeadamente dificuldades financeiras, e, espelhando o que era também um tempo e um mundo em mudança, com o dealbar da década de 70, afastar-se-á da sua matriz inicial. Após o choque entre correntes opostas e o afastamento de Bénard da Costa, “O Tempo e o Modo” enveredaria por uma linha maoista, aproximando-se do entretanto criado MRPP.