Encerramento do Campo de Concentração do Tarrafal
A 26 de janeiro de 1954 era, pela primeira vez, encerrado o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde. Por lá passaram, entre 1936 e 1954, 375 presos, entre republicanos, socialistas, anarquistas, comunistas, combatentes da Guerra de Espanha. 32 perderam a vida. Francisco Miguel seria o último preso a sair do Tarrafal, nesta primeira fase.
Seis anos depois, com o eclodir da guerra colonial, o Campo reabriria em junho de 1961, destinado agora aos nacionalistas das ex-colónias, fechando portas apenas a 1 de maio de 1974. Os primeiros presos chegariam em fevereiro de 1962, oriundos de Angola. Seguiram-se guineenses e cabo verdianos, num total de 227 homens. 4 acabariam por lá morrer. O angolano Justino Pinto de Andrade foi um dos últimos presos do Tarrafal.
67 anos depois do primeiro encerramento e quase 60 depois da reabertura, o Campo do Tarrafal acolhe hoje o Museu da Resistência de Cabo Verde, que reabriu no passado sábado, com a promessa, por parte do executivo de Cabo Verde, de fazer um levantamento para apurar se ainda há restos mortais de antigos prisioneiros por trasladar. Também ali, no lugar da mais profunda desumanidade e terror, violência e barbárie, se ergue agora um espaço de Memória e de homenagem a todos os que passaram e tombaram no infame Campo da Morte Lenta.
Imagem: Aspecto da entrada da Colónia Penal do Tarrafal, na Ilha de Santiago, distinguindo-se os pavilhões em construção. Autor: Desconhecido
Data: 1936/1937. Arquivo Fundação Mário Soares