Encontro Planalto de Mueda
#nestedia 16 de junho de 1960, no Planalto de Mueda, o Governador do distrito de Cabo Delgado organiza um encontro para conferenciar com representantes macondes (grupo étnico do sudeste africano), ligados ao Mozambique African Association/Sociedade dos Africanos de Moçambique (MAA-SAM).
Estaria em causa debater as condições para o regresso deste grupo étnico radicado no Tanganica a Moçambique e as suas reivindicações relativas a condições de trabalho e exploração da terra – a recusa do trabalho forçado ou a uma maior liberdade – e não tanto à independência ou a questões nacionalistas. Perante milhares de pessoas que assistiam ao encontro, o governador dará ordem de prisão dos representantes macondes, causando a reação de muitos dos presentes. Tudo se precipitará num tropel de violência que deixará um rasto de mortos, vítimas dos tiros disparados pelas autoridades coloniais, mas também esmagados pelas pessoas em fuga desordenada.
O número de vítimas mortais é ainda hoje impreciso. Testemunhas diretas falam em 16 e os relatórios das autoridades portuguesas em 14.
Já a FRELIMO, cinco anos depois, estimava 150 mortos, enquanto alguma bibliografia aponta para 600 mortos.
Em 1979, Ruy Guerra dirige o filme “Mueda, Memória e Massacre” sobre este que foi um dos últimos episódios de resistência contra o colonialismo português antes do início da Guerra Colonial em Moçambique. Este filme é considerado a primeira longa-metragem moçambicana, realizada imediatamente após a sua independência de Portugal.
Imagem do cartaz do filme “Mueda, Memória e Massacre” (1979) de Ruy Guerra
