Julgamento do padre José Felicidade Alves
Neste dia, 6 de novembro 1973, eram julgados no Tribunal Plenário de Lisboa o padre José Felicidade Alves, o cónego Abílio Tavares Cardoso, Nuno Teotónio Pereira e Manuel Mendes Mourão, acusados de “atos contra a segurança do Estado” pelo seu papel nos Cadernos GEDOC (Grupos de Estudos e Intercâmbio de Documentação, Informações e Experiências).
Felicidade Alves, que se vinha destacando pelas suas posições críticas relativamente à Igreja, à ditadura, à censura e à guerra colonial, fora suspenso das suas funções sacerdotais e excomungado e preso por “actividades contrárias à segurança do Estado” em 1970.
Juntamente com o cónego Abílio Tavares Cardoso e Nuno Teotónio Pereira, o padre Felicidade Alves lançaria em fevereiro de 1969 os Cadernos GEDOC, corporizando o clima de reflexão e confronto com a hierarquia da Igreja e a dinâmica dos chamados católicos progressistas.
Foram publicados onze números, entre 1969 e 1970, abordando criticamente questões ligadas à hierarquia católica, à guerra colonial e à situação política do país. Os Cadernos GEDOC seriam condenados pelo cardeal Cerejeira e pelas autoridades eclesiásticas e considerados ilegais pela PIDE/DGS que proibiu a sua circulação e intensificou a sua ação repressiva sobre os cada vez mais ativos meios dos católicos oposicionistas.
Imagem: Excerto do jornal República contendo notícia intitulada: “O Padre Felicidade Alves e o Arq. Nuno Teotónio Pereira julgados no Plenário Criminal”. 6 de novembro de 1973, ©️FMS