Marcha do Orgulho 2018. Centro Documentação Gonçalo Diniz, ILGA – Portugal.

O que falta fazer?

12 de Janeiro de 2023 - 18h00
AUDITÓRIO DO MUSEU DO ALJUBE

“(…) conquistados os avanços legais que colocam Portugal na linha da frente, sente-se a necessidade urgente de pedagogia, de formação, de vigilância na aplicação das leis, de modo a promover ambientes – familiares, escolares, profissionais, mediáticos – em que as pessoas se sintam à-vontade para se assumirem, em que sejam explicitamente bem-vindas, em que possam queixar-se de discriminações sem medo de represálias. Em suma, temos muito, mesmo muito trabalho por fazer para assegurar o usufruto da plenitude humana por parte de quem, infelizmente, ainda cresce achando que há algo de errado em si, no seu corpo, no seu desejo, no seu afeto. Na sua humanidade. Porque o 25 de Abril foi, sim, feito para todas e todos.”

Miguel Vale de Almeida em ABRIL PARA TODAS E TODOS

“O que falta fazer?” é o tema da última conversa do ciclo em torno da exposição “Adeus Pátria e Família” com a participação de Ana Aresta (ILGA) e Paulo Côrte-Real, Manuela Ferreira (AMPLOS) e Luan Okun (CASA T).

Ana Aresta é lésbica, feminista e ativista pelos Direitos Humanos, é desde outubro de 2019 Presidente da Direção da Associação ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo. A sua ligação com a ILGA Portugal começou em 2011, como voluntária Centro LGBTI, e desde 2014 que colabora ativamente na definição da sua visão comunitária, política e estratégica. Para lá do voluntariado na Associação, desenvolve a sua atividade profissional nas áreas das Ciência Políticas e Comunicação, com foco nas políticas públicas e compromissos sociais e ecológicos, gestão da reputação e comunicação de crise.

Paulo Côrte-Real é doutorado em Economia pela Harvard University, é Professor na Nova School of Business and Economics. É ativista pelos Direitos Humanos, com enfoque na Igualdade e Não-Discriminação, integrando o Grupo Técnico-Científico da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. Tem experiência alargada de liderança na ILGA-Europe, na ILGA Portugal e na Amnistia Internacional–Portugal; de condução de formação na área da igualdade; e de intervenção pública e política, com destaque para as campanhas nacionais pela igualdade no acesso ao casamento e à parentalidade para casais do mesmo sexo. Participa atualmente na coordenação do projeto “Livro Branco sobre Discriminação Múltipla e Interseccional”.

Manuela Ferreira, Mãe AMPLOS desde 2010, sua vice presidente desde 2013 e presidente desde 2019. Abraçou a causa LGBTI, quando soube que um dos seus filhos era gay. Desde então tem trabalhado com famílias de pessoas LGBTI e tem estado envolvida na luta contra a discriminação e pela defesa dos direitos LGBTI na legislação portuguesa. O trabalho na AMPLOS levou-a a participar em diversos eventos, conferências, não só em Portugal como no estrangeiro. É desde 2017 (data da sua criação) membro da European Network of Parents of LGBTI Persons – ENP.

Luan Okun, Trans Não binário, nascido em Ituiutaba no interior de Minas Gerais, começou os estudos artísticos no ano de 2014, cursou teatro pela Universidade Federal de Uberlândia, onde deu início às produções artísticas e performáticas.
Utiliza da corpovivência e das encruzilhadas como a principal ferramenta para o fazer.
compreendendo que o movimentar de uma corpa dissidente de gênero, racializada e gorda vem do desejo e força individual de romper com estruturas condicionantes ao seu corpo pela normatividade e colonização.
Atualmente vive em Lisboa, e pesquisa métodos de sobrevivência a partir da falha, reconexão pélvica e do reconhecimento do cu como potencial político, poético e mágicu.
Em 2020 contribuiu com a materialização da Casa T Lisboa.

AMPLOS

A Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género – existe desde 2009 e é a única associação de pais de pessoas LGBTI em Portugal. A AMPLOS propõe-se desenvolver ações que fomentem o respeito pela diversidade de orientação sexual e identidade de género; programas de informação e de apoio a mães, pais e familiares de pessoas LGBTI; ações dirigidas à comunidade escolar ; ações tendentes à eliminação de obstáculos de ordem juridica que limitem a igualdade de direitos de pessoas LGBTI, sendo a mais recente a luta pela aprovação da Lei de Identidade de Género. É membro fundador da European Network of Parents of LGBTI Persons – ENP.

Casa T

Em Agosto de 2020 em resposta à crise habitacional generalizada e agravada para pessoas da comunidade LGBTQIAP+ imigrantes e/ou racializadas, bradamos um grito de socorro e demos início à primeira campanha da Casa T na plataforma GoFundMe: ”Casa. Lar. Moradia. Abrigo. Este projeto tem a intenção, a necessidade e a urgência de abrigar e proteger corpas transvestigêneres que vivem, em sua maioria quase absoluta, em condição de vulnerabilidade. Muitas e muitos de nós com situações de despejo e falta de acessibilidade para o mínimo: moradia e alimentação. É um pedido de socorro! Sim! Pelas décadas de preconceito e abandono que sofremos. Mas, é também, uma proposta política de equiparação de direitos. Todes temos, podemos e devemos nos ajudar a tornar melhor e mais digna a existência neste planeta.“

Desde a sua fundação, a Casa T deu acolhimento a várias pessoas em situação de vulnerabilidade e presta regularmente apoio e informação a pessoas da comunidade LGBTQIAP+. Também se promovem eventos regulares na cidade de Lisboa em parcerias com associações e coletivos locais para visibilizar artistas LGBTQIAP+ imigrantes e/ou racializades.

Temos por objetivos principais: possibilitar acolhimento/abrigo, desenvolvimento pessoal, profissional e autonomia social às pessoas da comunidade LGBTQIAP+ dando prioridade às pessoas transvestigêneres imigrantes e/ou racializadas vivendo em vulnerabilidade ou em situação de risco social. Orientar e encaminhar as pessoas atendidas aos diversos serviços públicos ou privados nas áreas de saúde, assistência social, alimentação, emprego, formação escolar e profissional, apoio jurídico, moradia entre outras. Realizar formação junto à comunidade em geral para a superação de preconceitos e discriminações sobre a população LGBTQIAP+. Proporcionar espaços seguros de lazer, cultura, criação artística, convivência, e afetividade para moradores da Casa T. Incentivar investigações acadêmicas e artísticas nas temáticas que envolvem a população LGBTQIAP+.

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