António Augusto Dias Antunes
(Castelo Branco, 27.10.1876 — Timor, 22.01.1940)
António Augusto Dias Antunes nasceu em 1876 em Castelo Branco.
Foi aluno do Colégio Militar no curso de 1888-1894, tirou o curso do Estado-Maior e chegou a coronel de Infantaria, participando em várias campanhas militares em Angola, deturpada e enganadoramente denominadas «Campanhas de Pacificação».
Foi governador de Província e foi agraciado com distinções como a «Torre e Espada», «Valor Militar» ou «Comenda de Avis», tendo ainda desempenhado, em 1926, o cargo de diretor da Imprensa Nacional.
Foi preso pela sua participação, primeiro, na Revolta do Castelo de 20 de julho de 1928 e, depois, em abril de 1931, na Revolta da Madeira. Republicano e liberal, seria também maçom, embora se admita que a sua iniciação maçónica, agendada para agosto de 1931, na Loja Cândido dos Reis, não se tenha concretizado devido à Revolta de 26 de agosto desse ano.
Dias Antunes foi um dos principais chefes do movimento reviralhista contra a Ditadura Militar de 26 de agosto de 1931, integrando o seu Comité Revolucionário ao lado do oficial da Marinha Agatão Lança, do tenente-coronel Fernando Pais Teles Utra Machado, do tenente-coronel Sarmento de Beires e do coronel Hélder Ribeiro. Dias Antunes dirigiu um grupo de cerca de duas centenas de homens, que aderiram ao movimento nos quartéis de Sapadores Mineiros de Queluz e da Pontinha, ao qual se associaram numerosos civis da zona de Carnide, Benfica e Amadora.
Fracassado o movimento, foi preso e deportado, seguindo no navio Pedro Gomes para Timor, onde desembarca em outubro de 1931.
O conjunto de trezentos e cinquenta e oito presos e deportados, dos quais duzentos e setenta e um eram civis e oitenta e sete eram militares, foi distribuído por dois campos de concentração, um na ilha de Ataúro e outro no enclave de Oecússi-Ambeno. Alguns destes homens terão morrido de paludismo, dada a inexistência de quinino e de mosquiteiros.
Encarcerado no campo de concentração de Oecússi, Dias Antunes era o militar mais graduado, assumindo-se de imediato como representante dos deportados junto das autoridades coloniais. Contribuirá decisivamente para o encerramento daquele campo, ao fazer chegar à Liga dos Combatentes da Grande Guerra, em Lisboa, reclamações sobre as péssimas condições a que os deportados estavam sujeitos naqueles campos de prisioneiros.
Denuncia a grande insalubridade, os rudimentares alojamentos, a má alimentação e a deficiente assistência sanitária e médica. Em resultado destas diligências, os presos e deportados foram libertados, embora proibidos de abandonar Timor.
António Augusto Dias Antunes será excluído da amnistia geral decretada em 1932 por ser considerado pela ditadura como um dos «50 mais perigosos», permanecendo na colónia timorense até à data da sua morte em 1940, aos 64 anos.