Armando Gomes Silva
(1908 — Lisboa, 01.05.1931)
Armando Gomes Silva, residente em Lisboa, caixeiro de profissão, era empregado da drogaria Ilídio Santos e foi morto no seu posto de trabalho, na sequência da repressão policial sobre as manifestações do 1.º de Maio de 1931 em Lisboa. Armando tinha 23 anos.
No 1.º de Maio realizam-se, em Lisboa e no Porto, grandes manifestações contra a Ditadura Militar. O início de 1931 fora marcado por protestos estudantis e a morte do estudante João Martins Branco, dias antes no Porto, pela Revolta da Madeira ou ainda pela implantação em Espanha da II República.
As centenas de pessoas que se concentraram na zona no Rossio, em Lisboa, celebrando o último Dia do Trabalhador livre foram dispersas com grande violência pela Polícia de Segurança Pública (PSP) e pela Guarda Nacional Republicana (GNR) com sabradas e tiros de espingarda e metralhadora.
Armando Gomes Silva foi uma das vítimas dos tumultos e do fogo das forças policiais e militarizadas quando se encontrava ao balcão da drogaria onde trabalhava na então Rua 20 de Abril, renomeada, posteriormente, Rua de São Lázaro pelo Estado Novo no processo de eliminação dos topónimos republicanos.
A Direção da Associação de Classe dos Caixeiros de Lisboa manifestou no Diário de Lisboa «publicamente a sua repulsa pela cobarde agressão», apelando à participação de todos os caixeiros no funeral.
Confirmando o tumultuoso início do ano de 1931, esse «ano de todas as revoltas», a repressão não deu tréguas e, implacável, provocou dezenas de feridos e outros três mortos nesse sangrento 1.º de Maio: José Dias da Costa Pereira, Manuel Coelho e Luís Guerra Correia.