Germano Vidigal
(Évora, 1913 — Montemor-o-Novo, 28.05.1945)
Germano Vidigal nasceu em Évora em 1913 e, com 12 anos, trabalhava já em Montemor-o-Novo. Mais tarde, torna-se membro do Sindicato da Construção Civil e dirigente da organização comunista local. Integrou ainda a primeira Comissão Local de Montemor-o-Novo do Partido Comunista Português (PCP).
Em abril de 1945, no quadro das agruras da II Guerra Mundial, de escassez e carestia alimentar, o PCP organiza importantes lutas rurais e as emblemáticas «marchas da fome». Germano Vidigal será um os principais organizadores destas lutas, ao lado de homens como José Adelino dos Santos, assassinado em 1958, no decorrer de uma manifestação. José Saramago dedicará Levantado do Chão à memória de Germano Vidigal e de José Adelino dos Santos.
Em Montemor-o-Novo as concentrações e lutas dos trabalhadores rurais traduzem-se em algumas conquistas do ponto de vista salarial. No dia 20 de maio de 1945, cerca de dois mil camponeses concentram-se junto da Casa do Povo e do Grémio da Lavoura, exigindo novamente aumentos salariais e declarando-se em greve.
No dia seguinte, cerca de mil e quinhentos trabalhadores, entre eles Germano Vidigal, são presos e encerrados na praça de touros, sendo libertados dois dias depois. Apesar da repressão, atingem alguns dos objetivos.
No entanto, ao contrário da maioria, Germano Vidigal é, nesse mesmo dia 23 de maio, levado para o posto local da Guarda Nacional Republicana (GNR), onde será brutalmente torturado por dois agentes da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), Barros e Carrilho. Golpes de cavalo-marinho, cortes nas costas e feridas profundas na cabeça, espancamentos vários fizeram parte das sevícias sofridas por Germano Vidigal, que terá resistido e recusado dar informações. No entanto, acabou sucumbir à tortura morrendo no dia 28 de maio de 1945, aos 32 anos.