Juan Salgado Ribero (Rivera)
(Casa dos Montes, Galiza, Espanha, 1911 ou 1921 — Cambedo da Raia, Chaves, 21.12.1946)
A 20 e 21 de dezembro de 1946, a aldeia de Cambedo da Raia, no concelho de Chaves, foi alvo de uma sangrenta e ignominiosa ação conjunta da Guardia Civil espanhola, Exército português, Guarda Nacional Republicana (GNR) e Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). Assaltos e incidentes decorridos meses antes, atribuídos a supostos guerrilheiros galegos, foram o pretexto. Encostado à Galiza, Cambedo servia de apoio a vários refugiados e guerrilheiros galegos que se opunham às forças franquistas e procuravam escapar aos fuzilamentos, ao terror e à repressão. No entanto, muitos deles eram descritos pelas autoridades simplesmente como «malfeitores», «criminosos» ou «contrabandistas».
Juan Salgado Ribera, lavrador e músico, também conhecido como Facundo, nasceu em Casa dos Montes, na Galiza, em 1911 ou 1921. Refugiado em Portugal desde 1937, figura cuja história cruza realidade e mito, pertenceria a um grupo de guerrilheiros que atuava na zona da fronteira.
Dez anos depois do golpe franquista de julho de 1936, a aldeia foi cercada e bombardeada com tiros de morteiro. Durante os confrontos dois guerrilheiros e dois soldados da GNR perdem a vida.
A «Guerra do Cambedo» foi encoberta pela censura e silenciada. Os acontecimentos que levaram ao bombardeamento foram reduzidos a meros episódios de banditismo e delito comum e os resistentes galegos apresentados invariavelmente como «bandoleiros».
A repressão abateu-se duramente sobre os habitantes de Cambedo. A PIDE e GNR farão dezenas de detenções na região, prendendo
famílias inteiras, acusadas de acolher «bandos de malfeitores».
Juan Salgado Ribero (ou Rivera) que se encontrava na casa de uma das famílias de Cambedo, após uma tentativa frustrada de fuga em direção à sua terra natal, acabará por ser morto pela GNR. Teria, consoante as versões, 25 ou 35 anos.
Para além de Juan, o também guerrilheiro galego, Bernardino García y García, suicidou-se durante o bombardeamento de Cambedo, e os cadáveres de ambos foram expostos publicamente no cemitério de Chaves.