João Martins Branco
(Espinho, 1912 – Porto, 28-04-1931)
João Martins Branco, natural de Espinho, nasceu em 1912 e era estudante no Instituto Industrial e Comercial do Porto. Morrerá a 28 de abril de 1931, na sequência do assalto policial a uma reunião de estudantes em protesto contra a Ditadura Militar e a situação nas universidades.
A contestação estudantil cruza-se de forma explosiva com os acontecimentos desse ano de 1931, no quadro de uma resistência armada feroz contra a Ditadura Militar e a imposição do que viria a ser o Estado Novo. Em abril, estalara a «Revolta da Madeira», e na vizinha Espanha a República fora implantada. Intensificava-se a agitação estudantil na contestação à Ditadura e, a 25 de abril de 1931, estudantes de Medicina de Lisboa declararam greve, por o Governo ter entregado a um militar a direção do Hospital Escolar da Faculdade. Ocorrem várias greves e manifestações em Lisboa e no Porto, nomeadamente no Instituto Superior de Comércio do Porto, onde foi hasteada uma bandeira vermelha, e no Instituto Industrial e Comercial.
Em vésperas do 1.º de Maio de 1931, uma assembleia-geral de alunos, desobedecendo às proibições decretadas por reitor e diretor, reúne-se no dia 28 de abril, numa sala do 3.º andar da Escola Médica do Porto. O encontro é abruptamente interrompido pela invasão de forças policiais e militares fortemente armadas. Durante a carga policial, os estudantes puseram-se em fuga. No entanto, o piso onde decorria a assembleia encontrava-se inacabado e em obras, pelo que se dão várias quedas de estudantes de varandins e de escadas ainda sem corrimão, provocando vários feridos.
Foi, precisamente, na sequência de uma queda que morreu o estudante João Martins Branco nesse dia 28 de abril de 1931. Algumas versões relatam que a queda se deu de um varandim, onde os estudantes foram encurralados pela polícia, que abateu. Outras que as quedas aconteceram de escadas inacabadas e, como tal, sem corrimãos.
A repressão abateu-se com dureza e muitos destes estudantes foram presos.
O funeral de João Martins Branco constituiu um momento de forte repulsa e contestação à Ditadura Militar, e foi uma das manifestações mais numerosas registadas na cidade do Porto.