José António Leitão Ribeiro Santos
(Lisboa, 19-03-1946 – Lisboa, 12-10-1972)
José António Leitão Ribeiro Santos, filho de Maria Antónia Leitão Ribeiro Santos e de Vasco Artur Ribeiro Santos, nasceu a 19 de março de 1946 em Lisboa, onde frequentou o Liceu Pedro Nunes e se iniciou nas lutas estudantis.
Em 1965, entra para a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Será membro da Secção de Propaganda, vice-presidente para as Relações Internas, presidente da Mesa da Assembleia-Geral e delegado de curso do 4.º ano. Em 1967, participa no socorro às vítimas das cheias de novembro daquele ano.
Na fase final da ditadura, a luta estudantil está particularmente acesa e a repressão intensifica-se, com várias Associações de Estudantes encerradas, cargas e ocupação policial das universidades e vigilância dos chamados «gorilas», ex-comandos, recrutados e preparados no âmbito do Centro de Documentação Internacional (CDI). Ribeiro Santos participa ativamente na luta estudantil em organizações ligadas ao Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), como «Ousar Lutar, Ousar Vencer» e a Federação de Estudantes Marxistas-Leninistas (FEML).
É neste clima que é convocado um «meeting contra a repressão» a ter lugar a 12 de outubro de 1972 no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF). Os estudantes detetam nas instalações um indivíduo estranho e suspeito que recusa identificar-se. É tomado como um informador, «bufo», da Direção-Geral de Segurança (DGS), nome que assumira a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). Os serviços da faculdade entram em contacto com a DGS, que envia então dois agentes ao ISCEF. O dito «bufo», que, entretanto, se identifica como Fernando Lopes Manuel, é levado para um anfiteatro. Os elementos da DGS, entretanto chegados, negam a ligação daquele à polícia política e pretendem levá-lo para fora das instalações. Os ânimos exaltam-se na sala onde o dito informador fora colocado. Há confrontos e um dos agentes, António Gomes da Rocha, dispara vários tiros que atingem o estudante José Lamego, depois detido, e José António Ribeiro Santos, que chegará já sem vida ao Hospital de Santa Maria.
O funeral de Ribeiro Santos, dois dias depois, constituirá uma das mais importantes manifestações contra a ditadura na sua fase terminal. Milhares de pessoas, em particular estudantes, acorrem às cerimónias fúnebres. Entre gritos de «assassinos» e «viva a liberdade», há confrontos com a polícia e cargas policiais durante o cortejo e, depois, no Cemitério da Ajuda.
Nos dias posteriores à morte de Ribeiro Santos e nas semanas seguintes, sucedem-se por Lisboa manifestações e ações-relâmpago, greves estudantis, confrontos, destruição de vidros de bancos ou do Ministério das Corporações, cargas da polícia, prisões de estudantes, e várias universidades são encerradas.
O assassinato e o funeral de Ribeiro Santos marcam os anos finais da ditadura e toda uma geração, perdurando como símbolo da resistência ao Estado Novo. A rua em que vivia, depois do 25 de Abril de 1974, passaria a ter o nome do jovem assassinado aos 26 anos no dia 12 de outubro de 1972.