Rita Gandra
Biografia
Rita Gandra, nascida em 1945 numa família com tradições oposicionistas, dedicou-se desde cedo a atividades políticas. Ainda no liceu cria uma organização designada Jovens Independentes de Oposição Portuguesa (JIOP). Em 1962, com 17 anos, integra a Pró-associação dos Liceus, onde conhece o futuro marido Rui D’Espiney, também ele oriundo de uma família marcada pela luta antifascista, e adere ao Partido Comunista Português (PCP).
No entanto a rutura com o PCP será rápida e seguirá em 1963 com Rui D’Espiney para Paris e depois para Argel onde se aproximam da Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), tomam conhecimento dos escritos de Francisco Martins Rodrigues e conhecem João Pulido Valente.
É neste contexto que integrará a Frente de Acção Popular (FAP), organização maoista surgida em janeiro de 1964 a partir de uma rutura com o PCP, defendendo o recurso à luta armada. Em junho de 1965, depois de nova passagem por Paris, regressa a Portugal. Passa cerca de 8 meses na clandestinidade – sendo provavelmente a única mulher na clandestinidade na década de 60 que não pertencia ao PCP – com atividades sobretudo relacionadas com uma tipografia clandestina. Rui D’Espiney regressa também a Portugal e é preso. Rita é presa a 14 de fevereiro de 1966.
Será alvo de interrogatório e tortura na sede da PIDE na rua António Maria Cardoso. A dado momento será levada para uma sala com vários homens onde estava o marido que só reconhece pelas mãos, já que a violência com que fora torturado o deixara completamente desfigurado.
Depois de condenada em Tribunal Plenário, Rita Gandra seguirá para a Prisão de Caxias em março de 1966, onde fica até à libertação em 1968.