Jorge Querido
Biografia
Jorge Maria Ferreira Querido nasceu em Cabo Verde a 20 de outubro 1937, na então vila da Assomada, na Ilha Santiago, onde fez os estudos primários. Os estudos secundários são feitos em São Vicente no único Liceu existente no arquipélago. Em 1956 vem estudar Engenharia para Portugal, primeiro no Porto e depois em Coimbra. É nesta cidade que desperta politicamente, assina o Manifesto dos 400 que reclama a demissão de Salazar, e se mobiliza para a luta anticolonial no âmbito da delegação de Coimbra da Casa dos Estudantes do Império (CEI). Em 1959, já em Lisboa, prossegue os estudos no Instituto Superior Técnico e aprofunda a atividade na CEI onde é dirigente e no âmbito da qual colabora ativamente na reprodução, distribuição e divulgação da Mensagem ao Povo Português de 1960. Entre 1959 e 1968 é o Coordenador da Secção do PAIGC em Portugal. É preso pela primeira vez aos 22 anos. Acabara de aderir ao PCP, através de Mário Pádua. No dia 1 de julho de 1961 quatro elementos da PIDE prendem-no em casa por “exercício de atividades contra a segurança do Estado”. Recolhe à cadeia do Aljube e é libertado cerca de dois meses depois. É preso novamente a 25 de setembro de 1961 e será brutalmente torturado. Sofre nove dias de tortura do sono e da estátua, é violentamente espancado, entre outros pelo inspetor Pereira de Carvalho, até colapsar e perder a consciência. Acordará no Aljube onde se segue um período de isolamento nos curros, passando ainda por uma cela comum que partilha com Ovídio Martins e mais quatro presos até à libertação em finais de 1961. Continua a trabalhar na organização clandestina do PAIGC e é preso novamente a 12 de maio de 1962 e levado para Caxias. Depois de uma tentativa de sair de Portugal, impedida pela PIDE, em 1964 e da proibição de ensinar em escolas técnicas e no IST, regressa a Cabo Verde em 1968, onde será primeiro responsável do PAIGC até 1973. Trabalha como engenheiro de hidrologia, como funcionário público na Brigada de Águas Subterrâneas de Cabo Verde, e mantém atividade como militante clandestino do PAIGC. É preso em janeiro de 1974 numa operação na estrada, na sequência de uma vaga de prisões levada a cabo pela PIDE/DGS. É enviado para Portugal e colocado em “comissão de Serviço” na Inspeção Geral de Minas do Ministério do Ultramar, mantendo contactos com elementos do PAIGC em Lisboa não obstante a apertada vigilância a que estava sujeito. Em março, a Inspeção Geral de Minas decide o seu regresso a Cabo Verde, onde se encontra a 25 de Abril de 1974. Agastado com conflitos internos e situações várias no interior do PAIGC, Jorge Querido afastar-se-á da atividade política e partidária, aceitando apenas em 2001 cumprir um mandato de deputado à Assembleia Nacional.