Livros no Aljube – Uma Vida com História Cláudio Torres
03 Dezembro 2019
Podia ter escolhido Mértola, ou podia ter optado por falar sobre a sua história nova do Al-Andaluz. Tinha tanto para falar sobre a sua obra! Mas não quis. Cláudio Torres escolheu a sua ligação àquelas paredes do Aljube onde, muito jovem, foi visitar o seu pai, preso. E daí partiu para o Porto, onde ele próprio esteve encarcerado, foi torturado e viveu meses a ver passar o que se via daqueles postigos ao rés do chão: as pernas das pessoas que passavam, e de que se imaginava o resto, porque não se conseguia ver mais do que isso. Mas, ao invés do que seria de esperar, ignorou o discurso da vítima e esqueceu os pés inchados e os sapatos que lhe rebentaram com o peso de ser «estátua» em interrogatório. Não quis saber disso: pensou antes em como se tornou forte para resistir. E contou que chegou a ditar regras, mesmo servindo de «estátua» para «dar trabalho» aos 60 pides que ali conheceu.