Afonso de Moura
(Coimbra, 1898 — São Nicolau, Cabo Verde, 07.12.1931)
Afonso de Moura, filho de Amélia Machado de Moura e de Augusto de Moura, nasceu em 1898, em Coimbra. Cerâmico de profissão e escultor, pontificava nos meios anarquistas e libertários de Coimbra nas décadas de 1910 e de 1920. Muito ativo no associativismo conimbricense, foi animador do Centro Libertário «Regeneração Social» e membro dos grupos anarquistas «Homens do Futuro» e «Os Rebeldes», que editava o jornal Luz ao Povo e ao qual Arnaldo Simões Januário, morto no Campo de Concentração do Tarrafal em 1938, estava também ligado.
Após o golpe de 28 de maio de 1926 e a imposição da Ditadura Militar, Afonso de Moura foi preso a 10 de maio de 1927, sendo libertado no mesmo dia. Foi novamente preso a 23 de dezembro de 1930, acusado de estar envolvido na organização de um grupo civil contra a Ditadura, juntamente com Henrique Magalhães e Hermenegildo Granadeiro. Foi deportado para Cabo Verde em 6 de junho de 1931 no vapor Pedro Gomes.
Vítima das deficientes condições de higiene e salubridade e atingido por elevadas febres, viria a morrer na Ilha de São Nicolau, na sequência de uma septicémia, a 7 de dezembro de 1931.
O também anarquista Roberto das Neves em «O Diário do Dr. Satã», (A Ideia, Outono de 2015, p.220), descreve Afonso Moura, como «um dos homens mais inteligentes, mais leais e mais destemidos que tenho conhecido, uma espécie de Suvarine do Germinal de Zola».