Francisco Domingues Quintas
(Grijó, 30.04.1890 — Tarrafal, Ilha de Santiago, Cabo Verde, 22.09.1937)
O socialista e simpatizante libertário Francisco Domingues Quintas nasceu em 1890 em Grijó, filho de Maria Joaquina Rivéra e de pai incógnito. Industrial talhante de profissão, vivia com os filhos, Patrício e Domingos Domingues Quintas, em Ferrol, na Galiza, onde estariam exilados.
Com o eclodir da guerra civil espanhola, é preso no posto de Valença em 28 de agosto de 1936 e expulso de Espanha, acusado de tomar «parte ativa no movimento revolucionário comunista». Entregue pela Guarda Civil espanhola à polícia política portuguesa, foi, dias depois, transferido para a delegação do Porto e, de seguida, para a Prisão de Caxias. Em outubro de 1936, integrou o primeiro grupo de presos que embarcou para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, com os dois filhos.
Padecendo de febre palustre e sem qualquer tratamento médico, viria a morrer com 47 anos no Tarrafal a 22 de setembro de 1937, menos de um ano depois de ter dado entrada no chamado «campo da morte lenta». Os filhos permaneceram no Tarrafal até 1940, tendo recusado o indulto do Natal de 1939. Depois de serem novamente presos, foram enviados a 12 de junho de 1943 para o Tarrafal, onde permaneceram até outubro de 1945.
Num período em que muitos opositores à ditadura se concentravam na Galiza, vários «galaico-portugueses», emigrantes políticos e económicos instalados na Galiza – quase todos ligados ou filiados em movimentos de esquerda que combatiam o movimento franquista – foram extraditados para Portugal e enviados para o Tarrafal, onde constituíam um grupo autónomo com características próprias: o chamado «grupo dos galegos», do qual Francisco, Patrício e Domingos Domingues Quintas faziam parte.