Manuel Vieira Tomé
(Tomar, 1887 — Lisboa, 1934)
Manuel Vieira Tomé, filho de Perpétua Jesus Oliveira Tomé e de Manuel Vieira Tomé, nasceu em 1887 em Tomar. Empregado de escritório dos Caminhos-de-Ferro Portugueses, ativista sindical, militante do Partido Comunista Português (PCP), participou em várias ações revolucionárias.
Integrando o «comité revolucionário» e a Comissão de Melhoramentos do pessoal da CP, estava identificado, em 1920, como «um dos principais sindicalistas dos ferroviários» e «era tido como o maior agitador da greve ferroviária», participando ativamente nas lutas pela «melhoria de situação para a sua classe».
Em 15 de março de 1928, por «ordem superior», foi preso e entregue à Polícia de Informações do Ministério Interior (PIMI) de Santarém. Acusado de estar implicado no chamado «complô do Entroncamento», foi novamente preso a 1 de abril, sendo libertado a 8 de julho de 1928.
Dirigente do Sindicato dos Ferroviários de Lisboa e diretor do seu órgão de imprensa, Ferroviário, voltou a ser preso em 30 de setembro de 1930, «por ser um agitador perigoso e por fazer parte de uma comissão encarregada de levar a efeito um congresso de trabalhadores de transportes, sabendo muito bem que esse congresso tinha em vista preparar uma greve geral de todos os meios de condução terrestres e marítimos».
Sairá em liberdade em 7 de maio de 1931, depois de a proposta de lhe ser fixada residência nos Açores não se ter efetivado.
O combate político à Ditadura intensificou-se a partir de 1932, nomeadamente na intervenção sindical e no estabelecimento de ligações com elementos comunistas como Alberto Matias, José Sequeira Valentim e Manuel Alpedrinha. A polícia política aperta o cerco e associa-o a reuniões conspirativas com Artur Guilherme Rodrigues Cohen, Carlos Filipe Rodrigues Consiglieri, o ex-capitão César de Almeida, João Antunes, João Lopes Soares, Manuel Jacinto, Roque Laia, entre outros.
É preso pela última vez, ao que tudo indica, a 16 de abril de 1934 na sequência do importante papel que desempenha no movimento revolucionário de 18 de janeiro de 1934, ao ser um dos responsáveis pelo descarrilamento de um comboio na Póvoa de Santa Iria e por estabelecer a ligação com Coimbra através do ferroviário António Afonso Pereira.
Encarcerado na Prisão do Aljube, em Lisboa, foi torturado até à morte em 1934. Tinha 47 anos. Dias depois de dar entrada naquela cadeia, foi encontrado morto na sua cela. O corpo estava completamente negro dos espancamentos policiais. Segundo a versão policial «suicidou-se por enforcamento na Cadeia do Aljube, servindo-se para esse efeito do cobertor que lhe estava distribuído, que rasgou em tiras» ou do cinto das calças. Porém, o diário do também preso político António Gato Pinto relata que Manuel Vieira Tomé não resistiu à tortura. Infligiram-lhe queimaduras e choques elétricos com o chamado «capacete elétrico», partiram-lhe ossos e dedos e foram-lhe arrancadas unhas dos dedos das mãos.