Operação Vijay
Aquele que ficou conhecido como o “annus horribilis” de Salazar começara com o estalar da violência e da guerra em Angola e não terminaria sem mais um revés, um dos mais traumáticos e de maiores implicações políticas.
#Neste dia, 18 de dezembro de 1961, a Operação Vijay derrubava o Estado Português da Índia. Forças da União Indiana ocupam e controlam Goa, Damão e Diu e em apenas 36 horas põem termo a uma ocupação de 446 anos. Perante os cerca de 40 mil militares da União Indiana, pouco mais restou ao general Vassalo e Silva, governador-geral do Estado Português da India, que não assinar a rendição incondicional das forças portuguesas, parca e deficientemente armadas, compostas por cerca de 3500 efetivos. Por considerar só haver “soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos”, Salazar ordenara a Vassalo e Silva que a tropa portuguesa lutasse até à morte. Desobedecendo a essas ordens, Vassalo e Silva poupava a vida de muitos dos seus militares.
Os soldados portugueses serão aprisionados pela União Indiana e, como retaliação, abandonados à sua sorte por Salazar em campos de concentração sem as mínimas condições durante quatro meses. E nem mesmo a garantia do primeiro ministro indiano, Nehru, de que os libertaria sem condições, sensibilizou ou demoveu Salazar que insistiu na penalização exemplar dos militares proscritos.
Perdida a Índia, Portugal mergulhava numa longa guerra para manter as colónias africanas. O espetro da derrota na Índia pairará, contudo, até ao fim da ditadura. Recordando o sucedido na Índia, os militares que combatiam em África, perante o arrastar do conflito, recusar-se-iam a ser o bode expiatório e a arcar com uma derrota militar, para um problema que era político.
Imagem: Campo Militar de Navelim, dezembro de 1961, Visão História, dezembro 2011