Dia da Mãe
“Descansava de joelhos no chão e com as mãos agarradas aos pulsos deles, para que não mos tirassem”, relembrou Albina Fernandes. Julgada no dia 17 de novembro de 1962, na sequência da sua prisão em 15 de dezembro de 1961, levou os dois filhos, Isabel e Rui, de seis e dois anos, e manteve-os junto de si em Caxias, como se vê na sua fotografia de identificação da PIDE.
Albina e o companheiro, Octávio Pato, estavam na clandestinidade e também ele foi preso no mesmo dia. A PIDE ameaçou-a com a retirada dos filhos para serem entregues numa instituição, mas Albina conseguiu que as crianças fossem entregues aos avós paternos na sua presença.
———————————————————-
“Num momento, e a hora fora do normal, meteram a chave na porta. (…) O mundo caiu-me aos pés quando vejo a minha filha de dezoito meses ao colo da guarda. Correr para a tirar de lá foi a reação imediata. E a partir de então tudo fez outro sentido. Se também era por ela que a luta se fazia, tê-la comigo foi difícil.(…)
“Força, filha, força nas perninhas” – era o que todos os dias eu lhe dizia, em voz alta, na cela e no recreio, apoiando-a no seu esforço para aprender a andar. Mas acho que, verdadeiramente, aproveitava o incentivo para eu própria reganhar forças para as batalhas seguintes. (…)
Hoje, mulher feita, só lhe posso desejar que não ceda a grades – sejam elas quais forem. E que tenha força, muita força nas pernas.”
Violante Saramago Matos, 2015 (presa em 1973), testemunho na exposição de longa duração do Museu do Aljube Resistência e Liberdade.
Neste #diadamãe relembramos e homenageamos todas as mães que resistiram e lutaram, e lutam, pela liberdade dos seus filhos e dos filhos dos outros.