Alfredo Caldeira
(Lisboa, 11.07.1908 — Tarrafal, Ilha de Santiago, Cabo Verde, 01.12.1938)
Alfredo Caldeira, filho de Sara de Castro e de Paulo Caldeira, nasceu em Lisboa a 11 de julho de 1908. Tanto o pai como o irmão, Heliodoro Caldeira, foram presos por razões políticas, o primeiro esteve no Forte de São Julião da Barra e o segundo foi deportado para os Açores e para Cabo Verde no início dos anos trinta.
Pintor decorador, Alfredo Caldeira aderiu em 1931 ao Partido Comunista Português (PCP) com 23 anos. Integrou em 1932 a direção do Comité Regional de Lisboa, o Comité Central e o Secretariado, cabendo-lhe também responsabilidades na Organização Revolucionária da Armada (ORA). Com o pseudónimo «Areias», era membro responsável da Comissão Central da Organização do PCP.
Numa deslocação ao Algarve em missão partidária, foi preso pela polícia a 27 de outubro de 1933 e colocado na Penitenciária de Lisboa, de onde foi transferido para a Prisão de Peniche a 20 de novembro. Foi deportado, dois dias depois, para a Prisão da Fortaleza de Angra do Heroísmo, nos Açores, onde conheceu a sentença do Tribunal Militar Especial, reunido em 20 de agosto de 1934, e a condenação a seiscentos e noventa dias de prisão correcional e perda de direitos políticos por cinco anos.
Em dezembro de 1934, teve participação ativa na luta dos presos contra as péssimas condições prisionais da Fortaleza. Um ano depois, a 8 de dezembro de 1935, é transferido para a 1.ª Esquadra da Polícia de Segurança Pública (PSP) a fim de ser libertado por ter terminado a pena imposta pelo Tribunal Militar.
Restituído à liberdade a 10 de dezembro de 1935, foi, no entanto, preso no mesmo dia pela Secção Política e Social da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), como «medida preventiva», sendo transferido, já em janeiro de 1936, para a Prisão de Peniche. Em abril, seguiu para a Prisão do Aljube, onde problemas de saúde o levaram à enfermaria. Em junho, requereu para ser amnistiado.
Fez parte do primeiro grupo – de cerca de cento e cinquenta presos – a ser instalado no recém-criado Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, em outubro de 1936. Entre 1937 e 1938, integrou o Secretariado da Organização Comunista Prisional do Tarrafal.
Fragilizado pelas terríveis condições, a insalubridade, a doença e a falta de cuidados médicos, Alfredo Caldeira acabou por contrair uma biliosa. Foi no chamado «campo da morte lenta» que veio a morrer, no dia 1 de dezembro de 1938, com apenas 30 anos. «Verá que sei morrer como um revolucionário», terão sido as suas últimas palavras, dirigidas, já no leito de morte, ao diretor do Campo de Concentração.