António Guerra
(Marinha Grande, 23.06.1913 — Tarrafal, Ilha de Santiago, Cabo Verde, 28.12.1948)
António Guerra nasceu a 23 de junho de 1913 na Marinha Grande, onde trabalhava como empregado da fábrica de vidro Ricardo Santos Galo. Membro do Partido Comunista Português (PCP), pertencia à direção do Comité da Região do Oeste quando fez parte do grupo que preparou e liderou, na Marinha Grande, as ações no âmbito da greve geral insurrecional de 18 de janeiro de 1934. Comandou a brigada que assaltou e tomou a estação de telégrafo e telefones e negociou a rendição do posto da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Na sequência desses acontecimentos, foi preso a 27 de janeiro de 1934 pelo Comando da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Leiria e enviado para a sede da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE). Acusado de chefiar a revolta e de ser detentor das bombas de dinamite utilizadas para tomar a estação de telégrafo-postal, foi condenado, em Tribunal Militar Especial, a 19 de fevereiro de 1934, a uma pena de vinte anos de degredo com prisão e elevada multa.
Em setembro, seguiu de barco para os Açores, com outros condenados ao degredo, para a Fortaleza de Angra do Heroísmo, onde ficou até 23 de outubro de 1936, data em que foi transferido para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.
De regresso a Portugal, no dia 27 de janeiro de 1944 foi levado para o Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos em Lisboa. Depois de passar alguns meses na Prisão do Aljube e de Caxias, foi enviado em maio de 1944 para a Prisão de Peniche, onde ficou até 1948. Nesse ano regressaria, para não mais de lá sair com vida, ao Campo de Concentração do Tarrafal.
Com a saúde altamente debilitada pela detenção no Tarrafal e fruto das sevícias e torturas sofridas ao longo das sucessivas detenções, acabaria por morrer em 1948, com 35 anos. Tinha cumprido catorze anos de degredo, dos vinte a que tinha sido condenado.