António Lopes Almeida
(Lisboa, 22.02.1913 — Lisboa, 21.01.1949)
António Lopes Almeida nasceu em Lisboa a 22 de fevereiro de 1913 e trabalhava como operário vidreiro na Marinha Grande, onde residia. Militante do Partido Comunista Português (PCP) e ativo dirigente local e regional, era também compositor e músico amador no grupo «Os Pinantes».
Após denúncia, foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) na Marinha Grande a 16 de janeiro de 1949 para averiguações. Do posto local da Guarda Nacional Republicana (GNR) seguiu, no dia seguinte, para a sede da polícia política, em Lisboa, na Rua António Maria Cardoso, onde foi torturado durante dois dias. Relatos de outros presos, que ali se cruzaram com António Lopes Almeida, recordam um homem com a cara «num bolo» de sangue e equimoses, que terá dito: «Estou há 40 horas a levar pancada.» A 18 de janeiro foi transferido para a Prisão do Aljube, onde viria a morrer três dias depois, com 35 anos.
Segundo a versão oficial do regime, ter-se-á suicidado por enforcamento, ao ter sido encontrado morto. Porém, na verdade não terá sobrevivido às torturas sofridas na sede da PIDE e no Aljube. Já na morgue, num bolso do pijama que envergava terá sido encontrado um minúsculo bilhete, escrito a sangue, onde se lia: «sou António Lopes de Almeida, da Marinha Grande, avisem a minha mulher».
Enterrado no cemitério de Benfica, à revelia da família, por ação da polícia política e do Governo Civil, o seu corpo apenas regressou à Marinha Grande passados trinta anos da sua morte, em 1979.