Cândido Martins dos Santos Capilé
(Silves, 21.07.1933 — Almada, 11.11.1961)
Cândido Martins dos Santos Capilé, filho de António dos Santos Capilé e de Maria Rosa Martins, nasceu em Silves no dia 21 de julho de 1933. Operário corticeiro, foi assassinado a tiro por forças policiais a 11 de novembro de 1961, numa manifestação na zona de Almada.
No final dos anos quarenta e início da década de cinquenta, Cândido Capilé participa com notoriedade no Movimento de Unidade Democrática Juvenil (MUDJ), integrando a Comissão Concelhia de Silves e aderindo ao Partido Comunista Português (PCP). Irá ainda participar ativamente na campanha de Humberto Delgado em 1958.
Na sequência da detenção de um elemento do comité local a que pertencia e para evitar a sua própria prisão, Capilé entrou na clandestinidade e fixou-se num dos centros corticeiros da margem sul, cabendo-lhe a coordenação, no âmbito do PCP, das lutas dos corticeiros silvenses.
A 11 de novembro de 1961, Cândido Capilé participa numa manifestação que começa na Cova da Piedade e se dirige para Almada contra a «burla eleitoral», em que se gritava também por «liberdade, paz e amnistia para os presos políticos».
A marcha dos manifestantes é bloqueada, já em Almada, por uma força conjunta da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), Guarda Nacional Republicana (GNR) e Polícia de Segurança Pública (PSP), armada com metralhadoras. Os manifestantes insistem em continuar o trajeto, gritam «abaixo o medo» e «não há medo», entrando em confronto e apedrejando as forças repressivas que abrem fogo. A multidão dispersa, mas uma das rajadas atinge fatalmente Cândido Martins Capilé. Tinha 28 anos.
O funeral de Cândido Capilé, no dia 14 de novembro desse ano, foi um imponente momento de protesto contra a ditadura e a repressão, com vários confrontos com as forças policiais. A PIDE, como era habitual nestas situações, de modo a evitar manifestações populares, desviou o funeral para outro cemitério, em Lisboa. Não conseguiu, porém, impedir que as manifestações se estendessem a diversos pontos do concelho de Almada, onde em vários locais os trabalhadores paralisaram o trabalho, e que continuassem pela noite fora, dando lugar a violentos confrontos e a nova vaga de repressão policial.