Carlos Alberto Rodrigues Pato
(Vila Franca de Xira, 21.12.1920 — Caxias, 26.06.1950)
Carlos Alberto Rodrigues Pato nasceu em São João dos Montes, Vila Franca de Xira, a 21 de dezembro de 1920, embora tenha sido registado apenas em janeiro de 1921. Filho primogénito de João Floriano Batista Pato e Maria Rodrigues Pato – que passou vinte e cinco anos a visitar filhos, noras ou netos nas prisões da ditadura, entre 1949 e 1974 –, Carlos foi o primeiro de vários membros da família Pato a ser preso por motivos políticos: os dois irmãos, Octávio e Abel, a cunhada Albina ou o sobrinho Álvaro, entre outros. A história desta família é contada pela realizadora Susana Sousa Dias no filme Luz Obscura.
Carlos Pato frequentou o curso comercial noturno no Colégio Afonso de Albuquerque, em Vila Franca de Xira, onde, com Arquimedes da Silva Santos, esteve envolvido na criação de uma Caixa Escolar destinada a apoiar atividades culturais. Participa no movimento neorrealista desde 1938 e nos passeios do Tejo. Dirigente associativo e presidente do Ateneu Artístico Vilafranquense entre 1945 e 1949, foi presença ativa na vida associativa e cultural local. Publicou a sua primeira crónica, «Safra», no Mensageiro do Ribatejo em 1939, assinando-a como Alberto Rodrigues, os seus dois nomes do meio, e o seu texto «Valados» fez parte da primeira obra coletiva do movimento neorrealista, Contos e Poemas de Vários Autores Modernos Portugueses, de 1942. Os seus contos «Ao receber a jorna…», «Valados» e «Graxas» foram publicados postumamente em Alguns Contos, prefaciado por Alves Redol.
Em 1937, com 17 anos, torna-se militante do Partido Comunista Português (PCP) e integra o Comité de Vila Franca de Xira e o Comité Regional do Ribatejo, e participa na reorganização do partido no início da década de quarenta. Foi o responsável pelo núcleo de Vila Franca do Movimento de Unidade Democrática (MUD) e, em 1948-1949, fez parte da comissão para a candidatura do general Norton de Matos.
Empregado bancário de uma filial do Banco Nacional Ultramarino em Vila Franca, foi pela primeira vez preso para averiguações no dia 27 de abril de 1947 e levado para a Prisão de Caxias. A 1 de julho de 1947, foi colocado em liberdade condicional. Onze meses mais tarde, a 28 de maio de 1949, foi preso pela segunda vez e levado de novo para a Prisão de Caxias. De julho a outubro, esteve preso na Prisão do Aljube. Posto à disposição dos Tribunais Criminais de Lisboa, foi transferido, novamente, para Caxias.
A morte chegou a 26 de junho de 1950, após ter sido brutalmente torturado, estimando-se em cento e trinta as horas de tortura da estátua. Em sofrimento atroz, foi-lhe ostensivamente recusada assistência médica, não obstante os sucessivos e infrutíferos pedidos de ajuda dos catorze companheiros presos na sala 7 do rés-do-chão daquele cárcere.
É Arquimedes da Silva Santos, igualmente preso em Caxias, que, ao dar a informação a um advogado que casualmente visitava um outro detido, permite que a notícia da morte de Carlos Pato seja conhecida no exterior. Apesar dos esforços das autoridades em sentido contrário, o funeral de Carlos Pato decorreu em Vila Franca de Xira. Embora escoltado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) e em andamento rápido, de modo a evitar concentrações, uma multidão obrigou o cortejo a entrar em marcha lenta até ao cemitério, em imponente momento de pesar.
Tinha 29 anos e nunca foi a julgamento. Deixava órfãos a filha com pouco mais de um ano e meio e o filho de sete meses, que não chegou a ver.