Clemente José Soares
(Évora — Lisboa, 16.04.1931)
Clemente José Soares vivia em Évora, desconhecendo-se a data e o local de nascimento. Segundo o seu Cadastro Político, participou no dia 6 de maio de 1930 numa reunião política na zona de Évora com elementos locais e dois delegados vindos do Barreiro, depois de ter estado noutros encontros como pessoas «desafetas à situação». Clemente teria funções de ligação com o Barreiro para onde se deslocava com alguma frequência de comboio.
A 13 de abril de 1931 foi preso «por estar comprometido na organização revolucionária de Évora» e chefiar um «grupo civil». Três dias depois a esquadra da Pampulha, em Lisboa, comunicava à Polícia de Investigação Criminal (P.I.C.) que Clemente se suicidara por enforcamento. No entanto, como em muitos outros casos, as autoridades classificavam como «suicídio» muitas das mortes ocorridas na prisão em consequência de maus tratos, violência ou tortura, que procuravam encobrir.
Numa notícia, censurada, do jornal O Século é mencionado o seguinte: «Foi participado à P.I.C. que faleceu repentinamente o preso político Sr. Clemente José de Sousa [sic], de Évora, que se encontrava na esquadra da polícia […]», não havendo referência a qualquer suicídio.