Daniel Joaquim Campos de Sousa Teixeira
(Lisboa, 24.03.1946 — Caxias, 24.10.1968)
Daniel Joaquim de Sousa Teixeira, filho de José de Sousa Teixeira e Maria Madalena Vieira Campos de Sousa Teixeira, nasceu a 24 de março de 1946 em Lisboa. Quarto de cinco irmãos de uma família da elite lisboeta com algumas simpatias pelo regime, Daniel estudou no Seminário dos Olivais e, em abril de 1967, partiu para a Bélgica a fim de estudar Psicologia na Universidade Católica de Lovaina.
Marcado pelo ambiente político da época e a contestação, nomeadamente estudantil, à guerra colonial, Daniel juntar-se-ia à Liga de Unidade e Ação Revolucionária (LUAR) e participaria nos preparativos da, nunca concretizada, operação de tomada da Covilhã, programada para o fim do verão de 1968.
No início de agosto, Daniel entra clandestinamente em Portugal. Tem como missão alugar um automóvel no Porto e transportar homens, armas e outros materiais para a zona da Covilhã a partir de Trás-os-Montes. No entanto, é preso, a 21 de agosto de 1968, e acusado de atividades contra a segurança do Estado.
É encarcerado na Prisão de Caxias, onde estavam outros presos da LUAR, entretanto detidos em diferentes circunstâncias e violentamente torturados. Em Caxias, a saúde de Daniel Teixeira deteriora-se. Os problemas e ataques de asma brônquica, de que padecia desde criança, exigem tratamento médico que, segundo a família, nunca lhe foi devidamente facultado.
A 19 de outubro de 1968, sofre um grande ataque de asma, no mesmo dia em que recebe a visita da família, que o vê num estado já muito preocupante. Tudo se precipitará na noite de 23 para 24 de outubro, em que sofre novo e violento ataque de asma brônquica. Os companheiros de prisão recordam que apesar dos ruidosos e sucessivos pedidos de ajuda, esta nunca lhe foi prestada. A 24 de outubro de 1968, dá entrada no Hospital de São José, onde morreu horas depois. Daniel Teixeira tinha 22 anos de idade e não chegara a ser julgado.
A família responsabilizou a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), acusando-a de «negligência» e «incúria», sublinhando o facto de Daniel não ter sido transportado mais cedo para um hospital ou de não lhe ter sido dado oxigénio. É sugerido que o transporte para o Hospital de São José ter-se-á ficado apenas a dever à intenção de não ficar registado que a morte havia ocorrido na Prisão de Caxias às mãos da PIDE.
A sua morte motivou, sobretudo nos meios estudantis, várias manifestações, inúmeros protestos e pressões para que se investigassem as causas da mesma.