PIDE, Serviços Centrais, Registo Geral de Presos, liv. 12, registo n.º 2233 PT/TT/PIDE/E/010/12/2233. Arquivo Nacional Torre do Tombo

Fernando Alcobia

(Lisboa, 15.02.1914 — Tarrafal, Ilha de Santiago, Cabo Verde, 19.12.1939)

Fernando Alcobia, filho de Júlia Alcobia e de pai incógnito, nasceu a 15 de fevereiro de 1914 em Lisboa, onde residiu e trabalhou como vendedor de jornais. Militante da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e do Partido Comunista Português (PCP), tinha a seu cargo a Agitação e Propaganda.

Muito jovem e dinâmico, destaca-se em várias missões. Na preparação da semana de luta contra a fome, a guerra e o fascismo, que deveria ter decorrido entre 25 de fevereiro e 2 de março de 1935, afixou propaganda política por Alfama. No dia 10 de junho de 1935, aquando do Cortejo do Trabalho Nacional, integrou o grupo que na Serra de Monsanto tentou largar, sem sucesso, balões vermelhos com a foice e o martelo. Dias depois, ao participar na distribuição de manifestos em Lisboa, escapou à prisão, na sequência da intervenção de José Machado Pinto, que disparara contra um agente da polícia.

Procurado, Alcobia refugiou-se em Espanha, onde foi preso pela Guarda Civil, por estar indocumentado, e entregue à Guarda Fiscal
de Elvas.

A 3 de dezembro de 1935, foi entregue à Secção Política e Social da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) e seguiu para a Prisão de Peniche a 27 desse mês. Ao longo do ano de 1936 passou por várias esquadras e, por diversas vezes, pelas prisões de Peniche e do Aljube. Em agosto de 1936, foi acusado de tentativa de fuga da Prisão do Aljube através da abertura de um buraco na parede de uma casa de banho.

Em outubro, foi transferido para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, integrando a primeira leva de presos políticos ali encarcerados. No Tarrafal, os maus-tratos e as passagens pela «frigideira», tendo a última durado vinte dias, foram deteriorando o seu estado de saúde. Debilitado por um abcesso no ouvido, foi obrigado a trabalhar na chamada «Brigada Brava», uma forma de trabalhos forçados particularmente penosa à qual nem os presos com a saúde mais debilitada escapavam. Sem qualquer tratamento médico, adoeceu com uma biliosa e morreu a 19 de dezembro de 1939. Tinha 25 anos.

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