Nota Prévia
O Museu do Aljube Resistência e Liberdade procura evocar e homenagear todos os resistentes. O mural “Ficaram pelo Caminho”, que se encontra no 3.º piso da exposição de longa duração do Museu do Aljube, foi criado em 2015. O Museu do Aljube disponibiliza agora no seu site as biografias e a história destas pessoas, vítimas mortais da Ditadura Militar e do Estado Novo entre 1926 e 1974, mostrando, quando possível, os seus rostos.
Os critérios definidos em 2015 incluem mortes diretamente causadas pelas polícias (PSP ou GNR, PVDE/PIDE/DGS e as suas antecessoras na Ditadura Militar) e autoridades do regime, mortes ocorridas durante a prisão por tortura, doença, falta de cuidados médicos, maus-tratos ou más condições prisionais e, finalmente, mortes ocorridas posteriormente e em consequência direta de uma destas situações.
Assumindo a natureza simbólica e incompleta deste mural, são, certamente, muitos os que ficam de fora. De facto, à luz dos referidos critérios, excluíram-se as mortes em ações militares contra a Ditadura Militar e o Estado Novo, não se incluindo as centenas de resistentes mortos durante a violenta e mortífera viragem dos anos vinte para a década de trinta ou, por exemplo, os que perderam a vida em ações como a Revolta dos Marinheiros ou o Golpe de Beja. Por identificar estão ainda várias pessoas mortas em diferentes protestos populares, como em 1936 na Revolta do Leite na Madeira. De fora ficaram também as vítimas, civis e militares, portuguesas e africanas, da guerra colonial (1961–1974) e do colonialismo.
Cientes da incoerência que será nomear uns poucos num universo de tantos milhares, optou-se ainda assim, como forma de homenagem simbólica, por incluir, não no mural, mas no site e no livro “Ficaram pelo Caminho 1926-1974” os cinco africanos mortos na sequência de prisão no Tarrafal, após a reabertura em 1961 com o nome de Campo de Trabalho de Chão-Bom.
Aos 136 nomes que constavam da lista original foram acrescentados 39, num total de 175, resultado de um trabalho que só em parte foi desenvolvido pelo próprio Museu do Aljube e que contou com diversos contributos, desde o então diretor Luís Farinha e Helena Pinto Janeiro, à data historiadora do Museu, passando por Irene Flunser Pimentel, João Esteves ou Helena Pato, até à Comissão Instaladora, que incluía, entre outros, Alfredo Caldeira, Domingos Abrantes e Fernando Rosas. No plano institucional, referência para os contributos do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), do Arquivo Histórico-Militar (AHM) e do Gabinete de Estudos Sociais do Partido Comunista Português (GES-PCP).
Sendo um trabalho sempre incompleto e em construção, tanto o mural como o livro “Ficaram pelo Caminho 1926-1974” (2021), serão atualizados, integrando novos nomes e novos dados a aportar pela investigação.