Joaquim António Pereira
(Sesimbra, 1896 – Batugadé, Timor, 12-1929)
Joaquim António Pereira nasceu em Sesimbra no ano de 1896 e trabalhou como servente de pedreiro e encadernador.
Era conhecido como Bela Kun, nome do líder comunista húngaro, e desde cedo que se movimentava nos meios políticos e operários lisboetas. Surge referenciado por vezes como anarquista, outras como comunista e ainda como elemento da Legião Vermelha. Foi alvo de várias prisões por delitos de opinião, por cantar a Internacional, dar vivas à revolução social ou por suspeitas de bolchevismo.
Nos últimos dias de dezembro de 1921, registam-se explosões nas instalações da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e do jornal A Batalha, onde a polícia encontrará bombas, armas, pólvora e materiais vários para fabrico de engenhos explosivos, o que motivará a prisão de, entre outros, Joaquim António Pereira.
A 30 de maio de 1923, volta a ser preso na posse de vários engenhos explosivos. Recolhe ao Governo Civil e é levado a interrogatório. Será novamente preso a 27 de maio de 1925 e deportado pouco depois para a Guiné, a bordo do navio Carvalho Araújo, por alegadamente estar envolvido no atentado contra o chefe da polícia, o tenente-coronel João Maria Ferreira do Amaral, atribuído a elementos da Legião Vermelha. A imprensa escrevia que Joaquim António Pereira contava já com oito prisões por homicídio, assalto à bomba e que havia sido já condenado pelo Tribunal de Defesa Social a dez anos de prisão e, depois, amnistiado.
Da Guiné seguirá a bordo do navio Pero de Alenquer rumo a Timor, onde aporta a 25 de setembro de 1927. Em Timor, depois de uma primeira passagem pela fortaleza de Aipelo, será abrangido pelas medidas das autoridades locais de colonização branca, que lhe permitem gozar de alguma liberdade vigiada, trabalhando como motorista. No entanto, após um conflito com outro deportado do Pero de Alenquer, que acusa Joaquim António Pereira de organizar um atentado contra si, acabará por ser preso no inóspito presídio de Batugadé. As condições de salubridade eram terríveis e é neste cárcere que Joaquim António Pereira morre, à fome e em resultado de maus-tratos, em dezembro de 1929. As sinistras circunstâncias da sua morte levariam a que, em 1933, fosse aberta uma investigação sobre o sucedido.