José António Dias Coelho
(Pinhel, 19.06.1923 — Lisboa, 19.12.1961)
José António Dias Coelho nasceu em Pinhel, distrito da Guarda, a 19 de junho de 1923 e passou a infância em Coimbra e Castelo Branco.
Completou o liceu em Lisboa e, em 1942, matriculou-se na Escola de Belas-Artes de Lisboa, primeiro em Arquitetura e, depois, em Escultura.
Ligou-se à Federação das Juventudes Comunistas, participou na Frente Académica Antifascista, no Movimento Nacional de Unidade Antifascista (MUNAF) e no Movimento de Unidade Democrática (MUD) e envolveu-se ativamente nas principais lutas políticas e estudantis dos anos seguintes.
Organizou e participou nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, oportunidade para artistas desafetos ao regime exporem a sua obra. Aderiu ao Partido Comunista Português (PCP) na década de quarenta. Detido em janeiro de 1949 pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), depois de participar na campanha de Norton de Matos, foi colocado na Prisão do Aljube, onde esteve incomunicável durante dez dias.
Apostando cada vez mais na atividade artística, no início dos anos cinquenta participou nas lutas na Sociedade Nacional de Belas Artes e começou a dar aulas na Escola Industrial Machado de Castro, na Escola Veiga Beirão e na Escola Francisco de Arruda. Em 1952, dirigiu as grandes movimentações dos estudantes de Belas-Artes, valendo-lhe a demissão por razões políticas como professor do ensino técnico e, ainda, a expulsão da Escola de Belas-Artes, ficando proibido de ingressar em qualquer outra faculdade portuguesa.
Com uma carreira de pintor e escultor cada vez mais fulgurante, Dias Coelho entrou para a clandestinidade em 1955 como funcionário do PCP. Para trás ficava a carreira artística. Na casa clandestina de Dias Coelho e de Margarida Tengarrinha, sua mulher e importante figura da resistência, foi instalado o Gabinete Técnico de Falsificações de Documentos (bilhetes de identidade, licenças de bicicleta, cartas de condução, passaportes). Tinha também à sua responsabilidade parte do aparelho de passagem de fronteira. A partir de 1960, José Dias Coelho e Margarida Tengarrinha passaram a realizar desenhos, ilustrações e cabeçalhos para publicações como A Voz das Camaradas ou o Avante!.
Pertencia à Direção da Organização Regional de Lisboa e era o responsável pelo setor intelectual do PCP quando, a 19 de dezembro de 1961, com 38 anos, foi assassinado a tiro pela PIDE no bairro de Alcântara, em Lisboa, na rua que tem hoje o seu nome.
A mulher de José Dias Coelho, Margarida Tengarrinha, que permanecia na clandestinidade, ficaria a saber do assassinato do marido a 26 de dezembro, dia em que se realizou o enterro, durante o qual agentes da polícia política a procuravam.
Este crime hediondo seria evocado por José Afonso na canção A Morte Saiu à Rua que homenageia o pintor e resistente morto numa rua de Lisboa.