José Moreira
(Vieira de Leiria, Marinha Grande, 12.10.1912 — Lisboa, 23.01.1950)
José Moreira, filho de Manuel Moreira e de Guilhermina de Jesus, nasceu a 12 de outubro de 1912 em Vieira de Leiria. Ainda muito jovem, foi trabalhar como operário vidreiro para a Marinha Grande, local de forte ambiência revolucionária.
Serralheiro de profissão, o camarada «Lino» tornara-se em 1945 funcionário do Partido Comunista Português (PCP), passando à clandestinidade como responsável pelo aparelho de imprensa do partido.
Num período particularmente feroz da repressão sobre o PCP, José Moreira foi detido – com o nome falso de José Mendes Oliveira – com a sua companheira Filomena Pereira Galo, a 22 de janeiro de 1950, em Vila do Paço, Torres Novas, numa casa clandestina onde viviam e onde são apreendidas duas armas de fogo, além de inúmera imprensa e propaganda clandestina.
José Moreira era então o responsável pelas tipografias do PCP e pela distribuição da imprensa clandestina, e a sua prisão, aos olhos da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), permitiria identificar, localizar e desmantelar a rede de tipografias clandestinas, porém José Moreira nada revelará. No mesmo dia em que foi detido, recolheu à Prisão do Aljube, onde ficou em regime de isolamento contínuo.
No dia 23 de janeiro de 1950 morreu na sequência das violentas torturas infligidas durante os interrogatórios intensivos, ao longo dos quais recusou prestar qualquer tipo de informação.
José Moreira tinha 37 anos. Pouco antes de ser preso, terá escrito que «uma tipografia clandestina é o coração da luta popular. Um corpo sem coração não pode viver».
O corpo de José Moreira foi atirado da janela do 3.º andar da sede da PIDE na Rua António Maria Cardoso. A polícia política procurava
assim encobrir o assassinato, encenando um suicídio.