Manuel Salgueiro Valente
(Lisboa, 04.12.1881 — Caxias, 29.07.1937)
Manuel Salgueiro Valente, filho de Francisco Manuel Valente e de Catarina Victória da Conceição Salgueiro Valente, nasceu em Lisboa a 4 de dezembro de 1881.
Assentou praça como soldado a 17 de agosto de 1898 e ingressou em 1900 no curso de Infantaria/Cavalaria da Escola do Exército. É colocado como alferes, em 1903, no Regimento de Infantaria n.º 21, na Covilhã. Nos anos de 1909 e 1910, problemas graves de saúde, que o acompanharão até ao fim da vida, limitam fortemente a sua atividade. Em 1911, é demitido por decreto do Exército por razões políticas, sendo reintegrado em 1918, durante a presidência de Sidónio Pais, e promovido a capitão e major.
Participou no golpe militar de 28 de maio de 1926 e integrou o Comité Revolucionário de Lisboa. Em janeiro de 1929, foi colocado na Secção de Justiça do Quartel-General do Governo Militar de Lisboa, onde se manteve até 27 de abril de 1934. Em dezembro de 1929, ascendera ao posto de tenente-coronel.
A 10 de setembro de 1935, toma parte na «Revolta Mendes Norton» e é detido pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), «por conspirar contra a Situação».
É colocado na Prisão do Aljube e depois, devido ao agravamento dos problemas de saúde, internado no Hospital Militar Principal. Regressa ao Aljube a 29 de outubro de 1935, baixando de imediato à enfermaria. A 18 de dezembro de 1935, depois de passar novamente pelo Hospital Militar Principal, onde dera entrada no início do mês, é deportado e preso na Prisão da Fortaleza de Angra do Heroísmo, nos Açores. Já neste arquipélago, é internado a 21 de março de 1936 no Hospital Militar de Angra do Heroísmo. Regressará a Lisboa para dar entrada no Hospital Militar Principal a 25 de abril de 1936.
Foi condenado pelo Tribunal Militar Especial a 15 de agosto de 1936 a «pena de três anos e meio de desterro em local à escolha do Governo», multa de 500$00 e perda de direitos políticos por dez anos. Foi ainda demitido do Exército.
A 30 de março de 1937, é transferido do Aljube para a Prisão de Peniche. Regressaria ainda ao Aljube, a 18 de maio, sendo levado, no dia seguinte, para o reduto norte da Prisão de Caxias, onde morreria a 29 de julho de 1937, com 55 anos. Durante o périplo prisional, os interrogatórios, as más condições e os maus-tratos terão deteriorado decisivamente a sua frágil saúde.
Manuel Salgueiro Valente será uma exceção entre as vítimas mortais da ditadura, ao situar-se ideologicamente à direita, no campo radical do Movimento Nacional-Sindicalista.