Pedro de Matos Filipe
(Almada, 19.06.1905 — Tarrafal, Ilha de Santiago, Cabo Verde, 20.09.1937)
Pedro de Matos Filipe, filho de José de Matos Filipe e Margarida Rosa, nasceu em 1905 em Almada, cidade onde vivia. Era estivador de porto, sindicalista e presidiu à Assembleia Geral da Associação «Terra e Mar».
Ligado ao movimento libertário e anarcossindicalista, participou no 18 de janeiro de 1934, em Almada, tendo promovido a paralisação dos transportes rodoviários e a greve na fábrica Parry & Sons com Joaquim Montes, também ele morto no Tarrafal. Fez ainda parte do grupo de apoio que protegeu os elementos que cortaram os cabos submarinos em Almada durante o referido movimento revolucionário.
Foi preso a 30 de janeiro de 1934, acusado da posse de explosivos e bombas. Condenado pelo Tribunal Militar Especial a doze anos de degredo nas colónias, com prisão e multa de 20.000$00, embarcou no dia 8 de setembro de 1934 para os Açores para ser encerrado na Prisão da Fortaleza de Angra do Heroísmo. Cerca de dois anos depois, a 23 de outubro de 1936, seguiu para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde viria a morrer, com 32 anos, a 20 de setembro de 1937, sem qualquer assistência médica ou medicamentosa, vítima de biliosa.
Segundo Acácio Tomás de Aquino, Pedro de Matos Filipe era «um dos rapazes mais fortes do Acampamento» e quando morreu «estava reduzido a pele e osso». Pedro de Matos Filipe ter-lhe-á ainda dito, numa derradeira conversa, estar «com uma diarreia de sangue há bastante tempo, e o médico nada me fez até à data!».