Victor da Conceição
(1894 — Lisboa, 08-05-1934)
Victor da Conceição, filho de Maria Ana Freire, terá nascido em 1894 em Lisboa. Residia na Rua Maria Pia e era contínuo do Ministério do Comércio. Morreu na Prisão do Aljube por razões políticas, depois de cinco detenções e a deportação em Timor.
Participou no movimento revolucionário de 7 de fevereiro de 1927, atuando na zona da Rua Maria Pia e da Fonte Santa. Seria preso, pela primeira vez, a 25 de novembro de 1928, «acusado de chefiar um grupo civil na Rua Maria Pia», ter ligações revolucionárias com o ex-Tenente Sousa Rosa e com o ex-Polícia José Manuel da Mota, «O Mota de Alcântara», manter contactos com o ex-tenente Pio, o alferes Fialho e o bombista «Arnaldo das Escrófulas». Em sua casa terá sido encontrado material destinado ao fabrico de explosivos.
Voltou a ser detido a 14 de dezembro, «por suspeita de estar comprometido no movimento revolucionário em preparação», ficando preso cerca de vinte meses, até ser libertado em 1 de agosto de 1930.
Foi novamente preso em 11 de dezembro de 1930, por «ter escondido numa dependência do Ministério do Comércio, onde é contínuo, quatro caixotes com bombas, que foram apreendidas, e que se destinavam a serem por ele empregadas no movimento revolucionário em preparação e para o qual trabalhava».
Deportado para Timor em 2 de setembro de 1931, embarcou com mais trezentos e cinquenta e sete deportados, entre eles alguns dos principais chefes militares da revolta de 26 de agosto desse ano, no navio Pedro Gomes.
Por ofício do Delegado Especial do Ministro do Interior, de 6 de novembro de 1931, foi comunicado que estava autorizado a regressar ao Continente por determinação do Conselho de Ministros. Seria preso alguns meses depois, em 29 de março de 1932, por se ter considerado que não houvera razão para a suspensão da pena a que fora condenado. Por despacho de 15 de junho, foi-lhe fixada residência obrigatória na Ilha Terceira, «a fim de completar o cumprimento da pena, cuja suspensão se não justifica». A deportação acabaria por ficar sem efeito e Victor da Conceição seria libertado da Penitenciária de Lisboa em 24 de agosto de 1932.
Foi preso pela quinta e última vez a 11 de janeiro de 1934, denunciado por ter fornecido manifestos clandestinos da Federação Anarquista da Região Portuguesa com o intuito de serem distribuídos.
Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 24 de março, foi condenado na pena de cinco anos de desterro, multa de 10.000$00 e perda de direitos políticos por oito anos.
Viria a morrer na Prisão do Aljube a 8 de maio de 1934, devido à falta de assistência médica, num estado já de grande fragilidade resultante da alimentação deficiente e de maus-tratos prisionais, que terão motivado os protestos dos companheiros junto do diretor da prisão, tenente Antão Nogueira.
No seu Cadastro Político consta que «Faleceu no Hospital de S. José, em virtude de ter sido atacado de doença súbita na Cadeia do Aljube, onde se encontrava». A Ordem de Serviço n.º 129 da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), de 9 de maio de 1934, reafirma que, pelas 21 horas e 45 minutos, Vítor da Conceição faleceu no banco do Hospital de S. José, depois de acometido de «doença súbita» quando conversava com António da Costa, seu companheiro da sala 3 do Aljube.
No entanto, António Gato Pinto, também preso naquela cadeia, assinalou com pesar no seu diário as circunstâncias da morte do companheiro de prisão: «Estamos hoje, precisamente a 8 de Maio, data inesquecível para todos os presos que se encontram nas salas do Aljube, foi precisamente o dia em que faleceu, sem assistência médica, o infeliz companheiro Victor da Conceição.». Tinha 40 anos.