Antes de ser orgulho foi revolta
“O movimento associativo LGBTI, tal como aconteceu noutros países do sul da Europa, teria em Portugal origem na dinâmica em torno do combate ao VIH/Sida. Mais tarde, viria a ganhar autonomia e a materializar-se em coletivos com agendas e reivindicações próprias, conquistando espaço social e mediático, pressionando os partidos políticos e outros poderes públicos. Já na segunda metade dos anos 1990 e até meados dos anos 2000, surgem as primeiras organizações e figuras representativas do movimento LGBTI.”
Iniciamos o ciclo de conversa em torno da exposição “Adeus Pátria e Família” com António Serzedelo, Isabel Advirta e Miguel Vale de Almeida para a sessão “Antes de ser orgulho foi revolta”.
O ciclo prolonga-se ao longo da duração da exposição, onde iremos abordar diferentes dimensões das resistências de diversidade sexual e de género.
Entrada livre, sujeita à limitação do espaço.
Inscrição para: inscricoes@museudoaljube.pt
António Serzedelo ( Lisboa, 1945), estudou no Liceu Francês Charles Lepierre e Saint Dominic’s International School. Regressou a Lisboa, onde se instalou no Colégio Universitário Pio XII, dos Missionários Claretianos, uma residência universitária, acabando mais tarde por ser expulso devido ao seu comportamento irreverente. Entretanto, fez algumas cadeiras de Direito, mas depois mudou-se para o curso de História, licenciando-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
A 25 de Abril de 1974 estava no Estado Maior do Exército na repartição de Informação e Contra Informação. Co-autor do manifesto Liberdade para as Minorias Sexuais de13 de Maio 1974 , redigido pelo recém-criado Movimento Homossexual de Acção Revolucionária. Membro do gabinete do General Franco Charais no Conselho da Revolução. Ativista social desde 18 de Maio 1974- com Manifesto “Liberdade para as Minorias Sexuais”.
Professor, desde 1975, na Escola Secundária Dom José I em Lisboa, e em Setúbal; foi coordenador de estágios de alunos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e na Universidade Lusíada de Lisboa. Fez estágio no Centre de formation des journalistes do Le Monde, Paris em 1974. Em 1975 estagiou no Diário de Notícias. Foi administrador e jornalista do semanário “O Ponto” e estagiou no Diário de Notícias”. Foi correspondente em Lisboa para a rádio comunitária de Paris, “Rádio Clube Português de Paris”, até esta ser extinta. Presidente do Comité Português dos Direitos Humanos do Povo Palestiniano entre 1982 e 1992. Fez parte do Conselho da Paz e Cooperação do Movimento Anti-Apartheid em Portugal, até ao final do Apartheid na República da África do Sul e Rodésia. Em 28 de Junho 1997 fundou a Associação Opus Gay, e em 1999 criou o programa Vidas Alternativas, o primeiro programa radiofónico em Portugal a abordar a temática LGBT. Este foi inicialmente emitido na Rádio Voxx e reemitido em diversas rádios universitárias e locais em todo o país. Vogal da Junta de Freguesia de Arroios, e foi vereador suplente pelo PS na Câmara Municipal de Lisboa.
Miguel Vale de Almeida (Lisboa, 1960), doutorado em Antropologia, é professor no ISCTE-IUL e investigador do CRIA, onde dirigiu, até 2015, a revista “Etnográfica”. A sua pesquisa – com trabalho de campo em Portugal, Brasil, Espanha e Israel/Palestina – tem versado questões de género e sexualidade, bem como etnicidade, “raça” e pós-colonialismo. Tem vários livros publicados em Portugal e no estrangeiro, destacando-se “Senhores de Si: Uma Interpretação Antropológica da Masculinidade”, “Um Mar da Cor da Terra: ‘Raça’, Cultura e Política da Identidade”, “Outros Destinos: Ensaios de Antropologia e Cidadania”, “A Chave do Armário. Homossexualidade, casamento, família”, sendo o mais recente “Aliyah. Estado e Subjetividade entre Judeus Brasileiros em Israel/Palestina”. Além de cronista, escritor e blogger, tem sido ativista dos direitos LGBT e foi eleito Deputado à Assembleia da República em 2009, tendo estado envolvido na aprovação do casamento igualitário.