Fundo Artur Pinto
O Fundo de Artur Pinto é constituído pelas seguintes Secções: Apoio a presos políticos; Correspondência; Fotografias; Imprensa; Movimento Estudantil; Panfletos; Outros assuntos.
CONSULTE O FUNDO DE ARTUR PINTO
Nota biográfica de Artur Pinto
Artur Pinto doou parte do seu espólio ao Museu do Aljube Resistência e Liberdade. A maioria da documentação é referente à década de 60 e às lutas estudantis, sendo a Crise Académica de 1962 a temática principal.
A documentação abarca ainda temas como as comemorações do Dia do Estudante de 1963 e 1964, a vaga repressiva de 1964 e 1965 ou as prisões de janeiro de 1965.
Sobre a Crise de 1962 nota para os comunicados da Reunião Interassociações (R. I. A.), das Associações de Estudantes e do Secretariado Nacional de Estudantes Portugueses. Para além de imprensa estudantil (“Solidariedade Estudantil”, “Esteiro. Revista Cultural da A.E.I.S.T”, “Binómio”, “Tempo”), contam-se vários documentos sobre o movimento e o associativismo estudantil na década de 60 (correspondência, atas, informações, circulares, declarações, comunicados, panfleto, autocolantes).
O espólio de Artur Pinto inclui ainda fotografias relacionadas com a atividade da oposição nos anos 50, a crise de 1962, o Congresso de Aveiro de 1973 e objetos como caixas de fósforos da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (CNSPP), crachás da Polícia Política ou pins da Comissão Democrática Eleitoral (CDE).
Artur Eduardo Pires Alexandre Pinto nasceu a 15 de novembro de 1942, em Castro Daire. Resistente antifascista, ex-preso político, fundador do Movimento Não Apaguem a Memória (NAM) e membro do Conselho Consultivo do Museu do Aljube, Artur Pinto distinguiu-se no combate à ditadura, nomeadamente no movimento estudantil e, já em democracia, no combate pela preservação e valorização da memória da resistência.
Participou em 1958 na campanha eleitoral do general Humberto Delgado à Presidência da República. Entre 1961 e 1965 frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, notabilizando-se nas lutas académicas e como dirigente estudantil entre 1963 e 1965.
Em 1965, no dia 21 de janeiro, Artur Pinto e dezenas de outros estudantes são presos pela PIDE, após a traição e denúncia de um dirigente estudantil que passara a colaborar com a polícia política. Preso na Cadeia do Aljube, Artur Pinto seguirá para Caxias e, condenado em Tribunal Plenário a 16 meses de prisão, acaba por sair em liberdade em agosto de 1965 com pena suspensa. Em 1969 participa na Comissão Democrática Eleitoral (CDE).
Após o 25 de Abril de 1974 integra os Serviços de Coordenação da Extinção da PIDE/DGS e Legião Portuguesa, participa na contenção das ações contrarrevolucionárias do dia 28 de setembro de 1974 e fez parte da Secretaria de Estado da Organização Regional e Local do IV Governo Provisório.
Destacar-se-á, nas décadas seguintes, como um importante ativista na preservação da memória da resistência, seja, por exemplo, na dinamização da evocação anual da Crise Académica de 1962, seja no Movimento Cívico Não Apaguem a Memória (NAM) de que é um dos fundadores. O NAM, fruto da contestação cívica à transformação da sede da PIDE/DGS em condomínio privado, organizará em 2006 uma concentração de ex-presos políticos junto da antiga cadeia do Aljube. Na sequência desta manifestação Artur Pinto fez parte da delegação que entregou à Assembleia da República uma petição pública, com milhares de assinaturas, que daria origem à Resolução n.º 24/2008 relativa à preservação e divulgação da memória da resistência contra a ditadura e que, entre outras recomendações, incluía a criação de um museu da Liberdade e da Resistência na antiga cadeia do Aljube, tornado realidade em 2015, depois de ali se ter realizado em 2011 a exposição “A Voz das Vítimas”, na qual Artur Pinto colaborou. Esteve ainda envolvido no livro “100 Dias Que Abalaram o Regime” e na homenagem aos advogados dos presos políticos, promovida pelo NAM, na Assembleia da República, em janeiro de 2014.