Fundo Oliveira Pio
O Fundo Oliveira Pio é composto pelas seguintes Secções: Comunicados, Deliberações, Declarações, Informação e outros documentos sobre o assassinato de Humberto Delgado (“Caso Delgado”); Correspondência; Documentação da Oposição em Portugal e nas Colónias; Documentação de Organizações e Atividades Políticas no Exílio; Documentação Pessoal de Humberto Delgado (1951 – 1964); Imprensa/ Recortes; Publicações.
Este trabalho de digitalização encontra-se em curso e periodicamente disponibilizaremos mais informação.
Esperamos que seja um contributo para aprofundar a investigação sobre a resistência à ditadura e a luta pela liberdade.
CONSULTE O FUNDO DE OLIVEIRA PIO
Nota biográfica de Francisco Oliveira Pio *
Francisco Oliveira Pio nasceu em 17 de janeiro de 1897, em Lisboa. Esteve na I Guerra Mundial em Moçambique e, já em Portugal, combateu a Monarquia do Norte. Em 1921 é nomeado Comissário da Divisão de Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa e regressa a África entre 1923 e 1925, para assumir a administração militar do Alto Zambeze, em Angola.
Depois de recusar participar no golpe de 28 de Maio de 1926, cujas movimentações denuncia, apresenta a sua demissão da PSP de Lisboa que é recusada. Em agosto participa em reuniões com Jaime de Morais, Jaime Cortesão e Filipe Mendes, cabendo-lhe a missão de arregimentar elementos da PSP para o derrube da Ditadura Militar. Em outubro de 1926, recusa cumprir a ordem de prisão de José Domingos dos Santos e é exonerado e enviado para o Comando das Milícias em Bragança.
Participa no movimento militar de 3 de Fevereiro de 1927, cabendo-lhe a organização do levantamento no norte do país. Derrotada a revolta, parte para o exílio, onde permanecerá até à sua morte em 1972.
Depois de uma passagem por Vigo, ruma a França onde participa na formação da Liga de Paris. Segue-se a Bélgica e a Áustria. Em abril de 1928 parte para Portugal para participar numa tentativa revolucionária em junho. De regresso a Espanha, aproximar-se-á dos “Budas” (Jaime de Morais, Jaime Cortesão e Alberto Moura Pinto).
Em 1931 é preso em Portugal. Julgado e deportado para o campo de concentração de Oecússi em Timor, escapará com Fernando Utra Machado e instala-se em Madrid. Em março de 1933 é novamente preso em Portugal quando se preparava para participar em mais uma tentativa de golpe, mas acabará por conseguir fugir da cadeia do Tribunal da Relação no Porto.
Em Espanha participara, com os “Budas”, na compra de armas a usar no derrube da ditadura portuguesa, mas estas acabarão por ser apreendidas a bordo do navio Turqueza quando se destinavam à Revolta das Astúrias. Será detido a 23 de setembro de 1934, sendo solto após declarações, continuando a conspirar ativamente nos anos seguintes com os demais exilados em Espanha, nomeadamente no “Plano Lusitânia” que visava o derrube de Salazar a partir Espanha.
Com o eclodir da Guerra Civil espanhola em 1936, integra as forças que defendem o governo republicano. Em novembro, comanda as tropas encarregadas da defesa da Cidade Universitária. Será ferido gravemente e, após dez meses hospitalizado, será nomeado diretor da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e, posteriormente, chefe de Operações do 23.º Corpo do Exército.
Em 1939 é internado no campo de concentração de Montauban, em França, de onde escapa para o Norte de África, passando por Casablanca (Marrocos) e, depois, Argel (Argélia).
A atividade de Oliveira Pio desenrolar-se-á, a partir de 1955, no Brasil, em estreita colaboração com Humberto Delgado e o Movimento Nacional Independente. Mais tarde estará ligado à Frente Portuguesa de Libertação Nacional.
Com a saúde cada vez mais debilitada, com problemas cardíacos e sequelas dos ferimentos sofridos na Guerra Civil espanhola, manter-se-á ativo no movimento oposicionista no final dos anos 60, nomeadamente nos contactos com Emídio Guerreiro e vários oposicionistas portugueses no exílio, mas também com os espanhóis exilados no Brasil ou com o governo republicano no exílio no México. Morrerá em 1972 no Rio de Janeiro, onde será enterrado.